A serra agora está deserta. O pessoal amontoou-se todo no litoral.
Serra vazia, litoral inchado.
Num ápice (30 anos? 40 anos?), Quarteira: de aldeia de pescadores pobres a “referenciado centro de turismo”.
Os pescadores venderam a areia e assim nasceram as vivendas e depois os pequenos arranha-céus. Dinheiro e areia, areia e dinheiro.
Em Quarteira os prédios são todos muito mais altos do que os prédios do bairro onde moro em Lisboa.
Para chegar a Quarteira passo pelo campo de golfe, pelo outlet de golfe e pelos altos escorregas do parque aquático, de onde se lança a população em chamas.
Saio de Quarteira a pé, pelo Passeio das Dunas, e em 15 minutos chego à loja do Cristiano Ronaldo na Marina de Vilamoura.
Pão Rico: Vale de Lobo e Vilamoura. Quarteira é o recheio de uma sanduíche, a sanduíche dos €10 milhões.
Por aqui já aconteceu há muito a invasão da marabunta.
Vera Mantero
Após uma primeira edição dos “encontros do DeVIR”, realizada em 2012 pela DeVIR/CaPA, para a qual Vera Mantero criou “Os Serrenhos do Caldeirão, exercícos em antropologia ficcional”, que reflectia sobre a desertificação nesta zona montanhosa, foi novamente convidada para a terceira edição destes Encontros, que continuam a debruçar-se sobre temáticas e problemáticas do Algarve, desta vez sobre a descaracterização do litoral algarvio.