"Não falamos nada mais do que de nós próprios".
É esta frase do psicanalista francês Jacques Lacan, que está sem dúvida na origem deste monólogo do coreógrafo e performer Nuno Lucas.
Desta vez, ele está sozinho em palco. Mas convoca personagens que o assombraram e que o assombram, trazendo-as para o presente. A sua avó, os seus pais, namoradas, amigos, colegas de trabalho, companheiros, estranhos, todos eles fazem parte do universo deste imigrante português que vive em Paris. Não são apenas recitações de memórias ou factos pessoais, mas sim um mergulho poético e lúdico no espaço interior das nossas emoções.
Todas estas experiências são transpostas num campo semântico de palavras, criando um ritmo que poderia parecer tratar-se de uma canção ("I Could Write a Song"). Uma partitura de palavras que não são mais do que uma chamada à interioridade de cada espectador. Nuno Lucas parte de situações simples, por vezes anedotas, que não podem evitar de reenviar o público para suas próprias histórias. Uma tentativa de criar laços de intimidade e proximidade com algo que nos é desconhecido.