o teatro enquanto templo? templo do sentir e do pensar? por isso nos descalçamos para lá entrar.
dentro dele podemos atravessar a terra, atravessar as palavras, atravessar os sons, atravessar os gestos, atravessar as máscaras e os sentidos.
ter um corpo que se abre a esses elementos, que deles retira alimento e energia.
um corpo sensível ao Menos (e ao menos sensível).
corpo que desacumula, que desarma, que espalha, que pulveriza.
corpo sem vergonha de ser bicho.
uma talvez reza a levar do templo, para todos os dias ao levantar: o mundo não é uma mercadoria, o corpo não é uma mercadoria, o tempo não é uma mercadoria, o som não é uma mercadoria, a pele não é uma mercadoria, a luz não é uma mercadoria, o entusiasmo não é uma mercadoria, o entendimento não é uma mercadoria, o movimento não é uma mercadoria, a sujidade não é uma mercadoria, a ternura não é uma mercadoria, a energia não é uma mercadoria, o desmaio não é uma mercadoria, o olhar não é uma mercadoria, o toque não é uma mercadoria, o ar não é uma mercadoria, o abraço não é uma mercadoria, o espaço não é uma mercadoria, o sono não é uma mercadoria, o tesão não é uma mercadoria, a cor não é uma mercadoria, o dinheiro também não é uma mercadoria. todos os dias acrescentar um ponto à lista.
os convidados de Vera Mantero, que trazem para este evento os seus trabalhos musicais, sonoros, vocais, improvisatórios, de escrita e de eco-construção, são alguns membros do CICS - Centro de Investigação Cultura e Sustentabilidade, e alguns artistas habitantes de Montemor-o-Novo que participaram no Baldio, e alguns actores, performers e músicos lisboetas. A todos um profundo agradecimento.