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Pesquisa

Vera Mantero

Estudou dança clássica com Anna Mascolo e integrou o Ballet Gulbenkian entre 1984 e 1989. Tornou-se um dos nomes centrais da Nova Dança Portuguesa, tendo iniciado a sua carreira coreográfica em 1987 e mostrado o seu trabalho por toda a Europa, Argentina, Uruguai, Brasil, Chile, Canadá, Coreia do Sul, EUA e Singapura. 

Dos seus trabalhos destacam-se os solos “Talvez ela pudesse dançar primeiro e pensar depois” (1991), “Olympia” (1993), “uma misteriosa Coisa, disse o e.e.cummings” (1996), “O que podemos dizer do Pierre” (2011), “Os Serrenhos do Caldeirão, exercícios em antropologia ficcional” (2012) e “Pão Rico” (2017), assim como as peças de grupo “Sob” (1993), “Para Enfastiadas e Profundas Tristezas” (1994), “Poesia e Selvajaria” (1998), “k(ɘ) su'pɔɾtɐ i s(ɘ)ˈpaɾɐ i kõˈtɐj uʃ dojʃ mu'duʃ i õ'dulɐ” (2002), “Até que Deus é destruído pelo extremo exercício da beleza” (2006), “Vamos sentir falta de tudo aquilo de que não precisamos” (2009), “As Práticas Propiciatórias dos Acontecimentos Futuros” (2018), “Esplendor e Dismorfia” (2019) criada com Jonathan Uliel Saldanha para o Festival d’Avignon, e “O susto é um mundo” (2021). Também se destaca o projecto “SUB-REPTÍCIO (corpo clandestino)” (2012) concebido com Ana Borralho & João Galante, Rita Natálio e Joclécio Azevedo.

Em 2013 e 2014 criou as instalações performativas “Oferecem-se Sombras” e “Mais Pra Menos Que Pra Mais” (esta última em duas versões: ocupação da plateia e proscénio da Culturgest em 2013, e hortas urbanas criadas para a apresentação final em 2014, numa parceria entre a Culturgest e o Maria Matos Teatro Municipal, no âmbito do projecto Create to Connect, financiado pela Comissão Europeia). Estes projectos, bem como “O Limpo e o Sujo” - espectáculo estreado no Maria Matos Teatro Municipal em 2016, no âmbito do ciclo “As Três Ecologias”, que Vera Mantero comissariou com Mark Deputter e Liliana Coutinho - posicionam-se de forma clara relativamente a temas e preocupações fulcrais da actualidade: questões de sustentabilidade ambiental e económica, de coesão social e inclusão, de Cidadania. Em 2018, Mantero foi eleita pela Esglobal e pela Fundación Avina para integrar a Lista de Intelectuais Ibero-americanos Mais Influentes do ano, com foco em profissionais que contribuíram nos campos de sustentabilidade ambiental, económica, política e/ou social. Em 2020, criou a performance-conferência “Jurisplâncton” - no âmbito da pesquisa realizada na rede Terra Batida (proposta por Rita Natálio/Marta Lança) - como um estímulo para a consciência de uma ecologia interior e colectiva, a percepção do que são crimes ambientais e a função dos direitos da natureza; esta obra é posteriormente apresentada sob o título “All you need is plankton”. Em 2021 levou a cabo a sua última grande criação, “O Susto é um Mundo”, fortemente aclamada pelo público e crítica, considerada uma das Melhores peças de Dança de 2021 por Claúdia Galhós (Jornal Expresso) e por Alexandra Balona (Jornal Público). Em 2023, Vera Mantero iniciou um processo de criação de “micro-peças” feitas a partir da exploração e aprofundamento de materiais surgidos no processo de criação da peça “O Susto é Um Mundo”, juntamente com intérpretes e colaboradores presentes nesse mesmo “Susto”, primeiro com Teresa Silva e Santiago Tricot em “Um pequeno exercício de composição” (2023) e, depois, com Henrique Furtado e João Bento em “__ chãocéu |” (2024). 

O seu trabalho artístico tem sido amplamente reconhecido, com prémios institucionais como o Prémio Almada do Ministério da Cultura (2002) ou o Prémio Gulbenkian Arte pela sua carreira como criadora e intérprete (2009); através de iniciativas como a apresentação de uma retrospectiva do seu trabalho, organizada pela Culturgest em 1999, intitulada “Mês de Março, Mês de Vera”, ou a representação portuguesa na 26ª Bienal de São Paulo, em 2004, com “Comer o coração”, uma obra criada em parceria com o escultor Rui Chafes. Em 2014, o influente jornal brasileiro O Globo elegeu “Os Serrenhos do Caldeirão, exercícios em antropologia ficcional” como uma das 10 melhores peças de dança apresentadas nesse ano. A cidade do Fundão dedicou um ano à artista (Abril 2015 – Abril 2016), com um projecto intitulado “Passagem #2”, que inclui a apresentação de vários espectáculos, o trabalho com alunos de escolas locais e a recriação de “Comer o coração” para o circuito de arborismo do Parque do Convento, no Fundão. A nova versão, designada “Comer o coração nas árvores”, foi apresentada em 2016, no Jardim da Sereia em Coimbra, para a qual Rui Chafes preparou uma nova escultura. Em 2019 apresenta-se em várias salas de espectáculo e assume o nome de “Comer o coração em cena".

Integra, desde 2014, o elenco da versão portuguesa de “Quizoola!”, de Tim Etchells/Forced Entertainment, ao lado de Jorge Andrade e Pedro Penim. Convidada por Boris Charmatz para integrar “20 Dancers for the XX Century” - um arquivo vivo dos solos coreográficos mais representativos do século XX - participou com alguns dos seus solos dos anos 90 nas apresentações na Tate Modern (Londres), na Opéra de Paris/Palais Garnier (Paris) em 2015, no Tanzkongress na Staatsoper (Hannover) e no Museo Reina Sofía (Madrid) em 2016, e no IVAM - Institut Valencià d'Art Modern (Valência) em 2019. Colabora regularmente em projectos internacionais de improvisação, ao lado de improvisadores e coreógrafos como Lisa Nelson, Mark Tompkins, Meg Stuart e Steve Paxton.

Desde 2000 dedica-se igualmente ao trabalho de voz, cantando repertório de vários autores e co-criando projectos de música experimental. Em 2024, a Orfeu Negro editou “Vera Mantero - Matérias. Forças. Imaginário”, uma monografia em torno do seu trabalho, com particular destaque para o «Esquema de Composição», composto por textos de João dos Santos Martins, Daniel Tércio, Peter Pál Pelbart, Bojana Kunst e Ana Godinho. 

Ainda em 2024, Vera Mantero doa o seu Arquivo à Fundação de Serralves. Este acervo, que reflecte 37 anos de criação artística, reúne milhares de itens que documentam o trabalho da coreógrafa entre 1987 e 2024, abrangendo cerca de 80 obras originais – entre solos, co-criações com mais de uma centena de outros criadores e artistas, nacionais e internacionais, peças de dança e apresentações multidisciplinares. Inclui ainda notas pessoais dos processos de criação, vídeos de ensaios e apresentações, áudios, textos, imagens, manuscritos, entrevistas, artigos de jornal e críticas, entre outros materiais.
Lecciona regularmente composição e improvisação, em Portugal e no estrangeiro.


"Para mim a dança não é um dado adquirido, acredito que quanto menos o adquirir mais próxima estarei dela, uso a dança e o trabalho performativo para perceber aquilo que necessito de perceber, vejo cada vez menos sentido num performer especializado (um bailarino ou um actor ou um cantor ou um músico) e cada vez mais sentido num performer especializadamente total, vejo a vida como um fenómeno terrivelmente rico e complicado e o trabalho como uma luta contínua contra o empobrecimento do espírito, o meu e o dos outros, luta que considero essencial neste ponto da história."
Vera Mantero

 
crédito fotografia: Dirk Rose

Em criação
C.C. (Crematística e Contraforça)
de Vera Mantero & Cúmplices, 2025

Em circulação
Cloud Nine (Nuvem Nove)
Vera Mantero  & Susana Santos Silva, 2025

Em circulação
__chãocéu| (micro-peça #2)
de Vera Mantero, Henrique Furtado Vieira e João Bento, 2024

Em circulação
Um pequeno exercício de composição (micro-peça #1)
de Vera Mantero e Teresa Silva, 2023

Em circulação
O Susto é um Mundo
de Vera Mantero, 2021

Em circulação
All you need is plankton
de Vera Mantero, 2020

Em circulação
Esplendor e Dismorfia
de Vera Mantero e Jonathan Uliel Saldanha, 2019

Em circulação
As Práticas Propiciatórias dos Acontecimentos Futuros
de Vera Mantero, 2018

Em circulação
Pão Rico
de Vera Mantero, 2017

Em circulação
O Limpo e o Sujo
de Vera Mantero, 2016

Em circulação
Comer o coração em cena / nas árvores
de Rui Chafes e Vera Mantero, 2015/2019

Arquivo
Mais pra Menos que pra Mais
de Vera Mantero & Convidados, 2014

Arquivo
Salário Máximo
de Vera Mantero, 2014

Em circulação
Os Serrenhos do Caldeirão, exercícios em antropologia ficcional
de Vera Mantero, 2012

Em circulação
O que podemos dizer do Pierre
de Vera Mantero, 2011

Arquivo
Vamos sentir falta de tudo aquilo de que não precisamos
de Vera Mantero & Convidados, 2009

Arquivo
Até que Deus é destruído pelo extremo exercício da beleza
de Vera Mantero & Convidados, 2006

Arquivo
Comer o coração
de Rui Chafes e Vera Mantero, 2004

Arquivo
... k(ә) su'pσrtɐ i s(ә)ˈpaɾɐ i kõˈtɐj uʃ dojʃ mũ'duz‿i õ'dulɐ *
de Vera Mantero & Convidados, 2002

Arquivo
A dançadora-adensante e o dizedor-indecente
de Vera Mantero e António Poppe, 2002

Arquivo
Sentir Muito
de Vera Mantero e António Poppe, 2001

Arquivo
Um Estar Aqui Cheio
de Vera Mantero & Convidados, 2001

Arquivo
Poesia e Selvajaria
de Vera Mantero, 1998

Arquivo
A Queda de um Ego
de Vera Mantero, 1997

Em circulação
uma misteriosa Coisa, disse o e.e. cummings
de Vera Mantero, 1996

Em circulação
A Dança do Existir
de Vera Mantero, 1995

Arquivo
Para enfastiadas e profundas tristezas
de Vera Mantero, 1994

Arquivo
Sob
de Vera Mantero, 1993

Em circulação
Olympia
de Vera Mantero, 1993

Em circulação
Talvez ela pudesse dançar primeiro e pensar depois
de Vera Mantero, 1991

Arquivo
Uma rosa de músculos
de Vera Mantero, 1989

Arquivo
As quatro fadinhas do apocalipse
de Vera Mantero, 1989

Arquivo
Duas improvisações sobre dois temas de Prince
de Vera Mantero, 1988

Arquivo
Ponto de Interrogação
de Vera Mantero, 1987