performance-conferência de Vera Mantero e debate de Maria Lúcia Cruz Correia
Neste evento, Maria Lúcia Cruz Correia e Vera Mantero partilham uma pesquisa, num formato performance-debate. Procuram estimular uma consciência em torno de uma ecologia interior e colectiva, a percepção do que são crimes ambientais e a função dos direitos da natureza. São propostos diálogos entre especialistas, juristas, activistas, artistas, guardiões da natureza e a própria natureza. O formato vai ser estranho como o fundo do mar, envolvendo justiça restaurativa, performance, sexo entre baleias, rituais, participação, silêncio e um contrato com o mar. As apresentações contam com a presença da jurista Maria Inês Gameiro (23 Nov) e da curadora e pesquisadora Margarida Mendes (24 Nov).
Terra Batida é uma rede de pessoas, práticas e saberes em disputa com formas de violência ecológica e políticas de abandono. O conhecimento singular e local de conflitos socioambientais, aliado à ação em rede, convocam resistência aos abusos extrativos e também pedem cuidado: para especular e fabular, para construir visões e vidências sensoriais entre mundos exauridos e exaustos. Todos os eventos do Terra Batida no Alkantara Festival são de entrada livre. Em 2020, Terra Batida enreda intervenientes das áreas da dança, cinema, performance e artes visuais com cientistas, cooperativas e activistas com residências nas regiões de Ourique, Castro Verde, Montemor-o-Novo, Aveiro, Ílhavo e Gafanha da Nazaré. Nas residências partiu-se do acompanhamento de contextos específicos em Portugal para pensar e operar em múltiplas escalas. No contexto alentejano, discutiu-se desertificação, agricultura superintensiva e a concomitante extração de trabalho migrante, minas desactivadas e tóxicas, mares de estufas litorais, a falta de água e de gente, a conservação de espécies e outras formas de resistência comunitária. Na região de Aveiro, problematizou-se a erosão acelerada da linha costeira, o tráfego portuário, a subida do nível dos mares e a indústria de celulose. Estes problemas são matéria de conflitos sociais, raciais e interespécie. Ao longo do Alkantara Festival 2020, a rede Terra Batida propõe um conjunto de momentos para partilha de perfomances, pesquisas e encontros no São Luiz Teatro Municipal. Neste primeiro momento de apresentação, as proponentes da rede Marta Lança e Rita Natálio conversam sobre o processo de trabalho que decorreu ao longo de 2020, as propostas em apresentação no Alkantara Festival, assim como os materiais de documentação e as perspectivas futuras de ampliação e posicionamentos desta rede.
Apresentam ainda, com o Arqueólogo e Jornalista Samuel Melro, o número especial do Jornal Mapa feito em colaboração com a rede Terra Batida.
O Mapa é um projeto de comunicação mas também um território de resistência em tempos de guerra. Através da informação, debate e discussão, propõe-se a desenvolver a crítica enquanto alimento do pensamento e de práticas de autonomia e liberdade em todos os aspetos da vida. Não está contido na zona de influência de grupos económicos ou partidos políticos de qualquer cor ou sabor. Mapa publica notícias, reportagens, investigações, crónicas, fotos, ilustrações, banda desenhada, com um olhar atento aos problemas ambientais em territórios próximos e mundiais.