Arquivo > SUB-REPTÍCIO (corpo clandestino)  um projecto pensado por Ana Borralho & João Galante, Vera Mantero, Rita Natálio e Joclécio Azevedo, 2012

SUB-REPTÍCIO (corpo clandestino) 

um projecto pensado por Ana Borralho & João Galante, Vera Mantero, Rita Natálio e Joclécio Azevedo, 2012

O Artaud disse: “É preciso dar ao ser humano um corpo sem órgãos, só assim o libertaremos de todos os seus automatismos e o restituiremos à sua verdadeira liberdade. Voltaremos então a ensiná-lo a dançar do avesso e esse avesso será o seu verdadeiro direito”.

A Emma Goldman parece que disse: “Se eu não puder dançar na vossa revolução, então não vou”.

O Espinoza perguntou: “O que pode um corpo?”.

Estas são as palavras de ordem do trabalho colectivo SUB-REPTÍCIO (corpo clandestino), que no São Luiz assinala conjuntamente o Dia da Liberdade e o Dia Mundial da Dança, e que leva os seus criadores-intérpretes a transitar para uma sub-região (o sub-palco) e a expor uma ideia de dança: uma dança do corpo todo e de tudo o que o rodeia, que tudo absorve para existir, que tudo cruza e entrecruza, que não separa o corpo do espírito. Que nos diz respeito a todos e que é tu cá tu lá para todos porque todos temos corpo. E experiências com esse corpo: de espaço, de tempo, de liberdade.

Estas premissas levam à conclusão de que este deve ser um trabalho onde todos possam viver de igual forma a liberdade do seu próprio corpo. Assim, SUB-REPTÍCIO (corpo clandestino) é um convite ao corpo nu, onde usar roupa é opcional para o espectador. Os artistas propõem-se a, e propõem aos espectadores, praticar a nudez e experimentar algo que raramente temos oportunidade de experimentar na nossa sociedade: a nudez sem corar, a nudez sem vergonha, a nudez sem constrangimento. Lançam-nos um desafio: sentirmo-nos literalmente bem na nossa pele, na nossa pele toda, na pele que temos. Querem despir (nem que seja por uma hora) uma sociedade que tudo cobre e tudo cobra. "'Vergonhas'", afirmam, "não são o nosso sexo ou qualquer outra parte do nosso corpo. As verdadeiras vergonhas são: a especulação financeira; a destruição do planeta e das diversas economias nacionais pela ganância global desenfreada; as corporações e as finanças globalizadas governando o mundo, não sujeitas a sufrágio e substituindo-se aos governos democraticamente eleitos; as filosofias de grupos de pensamento económico tipo Bilderberg ou Sociedade Mont Pellerin, verdadeiros predadores mundiais; o pensamento e práticas de Milton Friedman, expoente destes grupos e ídolo do nosso Ministro das Finanças Vítor Gaspar; etc...".

Esta será assim uma dança despida, desformatada, desautorizada, desautorizante, clandestina, estridente e talvez, por isso, possível.

Ficha Artística

Concepção, Co-criação e Interpretação
Ana Borralho & João Galante, Joclécio Azevedo, Rita Natálio, Vera Mantero

Co-criação e Interpretação
António Júlio, António Pedro Lopes, Catarina Gonçalves, Cátia Leitão, Elizabete Francisca, Francisco Camacho, Gustavo Ciríaco, Tiago Gandra

Desenho de luz
Nuno Meira

Sonoplastia
Rui Dâmaso

Assistência a produção
Mónica Samões e Isabel Pinto Coelho
 
Co-produção
O Rumo do Fumo / SLTM

Cronologia

Estreia - 26 - 29 Abril 2012, A propósito do Dia da Liberdade e do Dia Mundial da Dança, Sub-palco, São Luiz Teatro Municipal, Lisboa/Portugal