Paradiso Canto 31 (1868), Gustave Doré

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Quando os Anjos falam de amor

de Henrique Furtado Vieira, 2025

A partir de outras representações e ideias de “anjos”, a outras escalas, pretende-se questionar os preconceitos e problematizar as definições que temos disponíveis sobre o que é amor e também violência, e que vão operando sobre os nossos corpos.   Os anjos sendo transmissores de mensagens que nos atravessam pelo sentido que lançam ao nosso corpo, interessa perceber como se manifesta a fecundidade da fala: como ela passa do sentido à carne, dá à luz corpos.   Neste contexto, importa reapropriar pelo corpo os atos de fala que nos condicionam e nos oprimem, não destruindo a linguagem mas tornando-a uma experiência física e carnal, procurando um modo corporizado de nos relacionarmos, de nos libertarmos e desatrelarmos, na medida do possível, das consequências trágicas das “violências estruturais” decorrentes dos dispositivos, culturais, sociais e históricos, que moldam os nossos comportamentos e afetos, nomeadamente amorosos e sexuais.   É nessa dobra do corpo que fala, mais próximo da pré-fala do que da fala, que se expõe a desconexão entre os sistemas de poder que nos dominam e que pretendem ser muito estáveis, lógicos e previsíveis, e o corpo que propõe sempre relações de outra ordem.

Ficha Artística

Concepção, direcção artística (e performance)
Henrique Furtado Vieira

Performance e co-criação
Catarina Vieira, Leonor Mendes e Sérgio Diogo Matias

Produção
O Rumo do Fumo

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