© Alípio Padilha

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Anarquismos (Pelo meio do quarto corre um rio mais claro)

de Pablo Fidalgo, 2018

Anarquismos (Pelo meio do quarto corre um rio mais claro) conta o sonho de um homem que recorda a casa e três companheiros com quem compartilhou os seus primeiros anos de juventude. Partindo da consciência de que a memória e o sonho são mecanismos imperfeitos, sabe que apenas nesse território indefinido, atravessado por luzes e sons da história, a sua identidade actual ser-lhe-á mostrada. Anarquismos é uma peça sobre a ausência, os sonhos, o medo e o silencio que têm lugar em qualquer grupo ou constelação familiar. E, ao mesmo tempo, desenha as expectativas de uma geração que enfrenta pela primeira vez os seus erros e a falta de um projecto comum. Estruturada como um poema épico e um retrato de grupo, a montagem inspira-se na visão dos vencidos, dos marginais e dos instantes decisivos, onde os que tinham algo em comum, ideias e utopias, deixam de o ter.

Os corpos desta peça não têm história, não têm nome nem identidade. Desde que vieram ao mundo, que lhes disseram que não se deve mexer na história, mas eles vieram preparados para mexer nela do princípio ao fim. Então, entram num quarto e perguntam-se, olham-se, inventam uma linguagem. O quarto é uma pequena ilha no meio de um rio selvagem. As correntes da história dão forma aos corpos e atiram-nos contra as paredes. Se soubessem o suficiente sobre a história da dissidência e da anarquia, quem sabe pudessem sobreviver. Mas, se soubessem o suficiente, não se teriam fechado para fazer esta tentativa desesperada de viver de outra maneira. Nessa corrente de amor e ódio, os corpos são empurrados num equilíbrio impossível e só permanecendo juntos, tocando-se, conhecendo-se, serão capazes de entender quem são, o que podem preparar, que vida e relações podem ainda explorar. Que aventura é ainda possível num mundo que está a acabar. Adaptando a frase de Ricardo Piglia, em Anarquismos “a história é escrita pelos vencedores, mas quem a dança são os vencidos”.

Ficha Artística

Texto e Direcção Artística
Pablo Fidalgo
 
Interpretação
Ángela Millano, Cláudio da Silva, Rocío Berenguer
 
Desenho de Luz
Cláudia Rodrigues e Pablo Fidalgo
 
Direcção Técnica
Cláudia Rodrigues
 
Assistência de Coreografia
Flora Détraz
 
Som/Música
João Bento
 
Vídeo
João Gambino
 
Direcção de Produção e Itinerância
O Rumo do Fumo
 
Produção Executiva e Assistente de Direcção Artística
Amalia Area
 
Co-produção
Maria Matos Teatro Municipal - Temporada 2017/18, Théâtre de la Ville - Paris, Teatro Municipal do Porto, Centro Dramático Galego / Agadic / Xunta de Galicia, Festival BAD Bilbao, Montbéliard: MA avec GRANIT scènes nationales du Pays de Montbéliard et de Belfort
 
Apoio
Festival de Otoño de Madrid, Câmara Municipal da Moita / Centro de Experimentação Artística (Vale da Amoreira), Marche Teatro / Villa Nappi Residences, NAVE Santiago de Chile, Câmara Municipal de Lisboa / Polo Cultural Gaivotas | Boavista, EGEAC, Causas Comuns, Teatro do Eléctrico
 
Agradecimentos
Luis Nocete, Teresa Martínez
 

Cronologia

29 Fevereiro 2020, Teatro Jovellanos, Gijón/Espanha
9 - 12 Janeiro 2020, Teatro do Bairro Alto, Lisboa/Portugal
16 - 17 Maio 2019, Festival Chantiers d'Europe, Théâtre de la Ville - Espace Cardin, Paris/França
12 Maio 2019, La Mutante, Valência/Espanha
25 - 26 Janeiro 2019, Palco do Grande Auditório, Teatro Municipal do Porto | Rivoli, Porto/Portugal
15 - 17 Novembro, Festival de Otoño, Sala Cuarta Pared, Madrid/Espanha 
2 - 4 Novembro 2018, Salón Teatro, Centro Dramático Galego, Santiago de Compostela/Espanha
Estreia - 23 Outubro 2018, Festival BAD, Sala Teatro Aretoa, Teatro Campos Elíseos, Bilbau/Espanha
Apresentação final da Residência - 4 Outubro 2018, Centro de Experimentação Artística, Moita/Portugal