O psicanalista Carl Jung dizia que a sua linguagem devia ser ambígua e de duplo sentido porque só assim ela faria justiça à nossa natureza psíquica. Para ele, a união de elementos que habitualmente estão em oposição, sobretudo o inconsciente e o consciente, seria a única forma de conseguir chegar a uma nova atitude.
O antropólogo Eduardo Viveiros de Castro faz notar que, aquilo que para um ocidental pode aparentar ser uma série de elementos contraditórios, para os indígenas brasileiros pode ser um conjunto de elementos perfeitamente conjugados e que se apresentam fazendo absoluto sentido, podendo mesmo constituir algumas das características basilares dos povos originários.
As alegadas interferências das redes sociais em processos eleitorais recentes fazem-nos concluir que os media “saudáveis” são aqueles que não apresentam apenas um ponto de vista e sim vários, de preferência em Oposição.
O professor de ética Jonathan Haidt preocupa-se com o futuro dos seus alunos, que diz estarem encerrados em bolhas politicamente correctas, e aconselha-os a percorrerem mundo para serem capazes de Contradição e Oposição, que são elementos constitutivos da própria natureza do mundo*.
Uma educação para a cidadania será uma Educação para a Multiplicidade e para a Contradição?
Educação para o Susto?
*Couturier, B. 2018. Safe spaces : des étudiants qui ne supportent plus la contradiction. [online] Disponível em: France Culture <https://www.franceculture.fr/emissions/le-tour-du-monde-des-idees/le-tour-du-monde-des-idees-du-vendredi-16-novembre-2018> [Consultado a 29 Junho 2021].
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