performance-conferência de Vera Mantero e debate de Maria Lúcia Cruz Correia
Em 2019 o FMI afirmou ter descoberto nas baleias a solução para o excesso de dióxido de carbono na atmosfera. As baleias podem salvar-nos do aquecimento global! Uh, bom, mas, hmm, isso só acontecerá SE os números de baleias nos oceanos voltarem ao que eram antes de as caçarmos intensivamente, pelo menos nos últimos 150 anos... É um grande SE... Conseguiremos convencer as baleias a entrarem num regime de reprodução frenética o mais rapidamente possível para nos salvarem?... Salvar-nos a nós, que as fizemos em fanicos?... Como convencê-las?…
Vera Mantero
Neste evento, Maria Lúcia Cruz Correia e Vera Mantero partilham uma pesquisa, num formato performance-debate. Procuram estimular uma consciência em torno de uma ecologia interior e colectiva, a percepção do que são crimes ambientais e a função dos direitos da natureza. São propostos diálogos entre especialistas, juristas, activistas, artistas, guardiões da natureza e a própria natureza. O formato vai ser estranho como o fundo do mar, envolvendo justiça restaurativa, performance, sexo entre baleias, rituais, participação, silêncio e um contrato com o mar.
NOTA: Devido às medidas COVID-19 aplicadas em Portugal e Bélgica, Maria Lúcia Cruz Correia não poderá estar presente ao vivo. Como alternativa, a artista estará presente por vídeo-conferência. A sua proposta enquadra-se num processo maior de pesquisa a decorrer na continuação do projecto Terra Batida e que resultará numa peça performativa de Maria Lúcia Cruz Correia em 2021.
As apresentações contam com a presença da jurista Maria Inês Gameiro (23 Nov) e da curadora e pesquisadora Margarida Mendes (24 Nov).
Terra Batida é uma rede de pessoas, práticas e saberes em disputa com formas de violência ecológica e políticas de abandono. O conhecimento singular e local de conflitos socioambientais, aliado à ação em rede, convocam resistência aos abusos extrativos e também pedem cuidado: para especular e fabular, para construir visões e vidências sensoriais entre mundos exauridos e exaustos. Todos os eventos do Terra Batida no Alkantara Festival são de entrada livre.
Em 2020, Terra Batida enreda intervenientes das áreas da dança, cinema, performance e artes visuais com cientistas, cooperativas e activistas com residências nas regiões de Ourique, Castro Verde, Montemor-o-Novo, Aveiro, Ílhavo e Gafanha da Nazaré. Nas residências partiu-se do acompanhamento de contextos específicos em Portugal para pensar e operar em múltiplas escalas. No contexto alentejano, discutiu-se desertificação, agricultura superintensiva e a concomitante extração de trabalho migrante, minas desactivadas e tóxicas, mares de estufas litorais, a falta de água e de gente, a conservação de espécies e outras formas de resistência comunitária. Na região de Aveiro, problematizou-se a erosão acelerada da linha costeira, o tráfego portuário, a subida do nível dos mares e a indústria de celulose. Estes problemas são matéria de conflitos sociais, raciais e interespécie.
Ao longo do Alkantara Festival 2020, a rede Terra Batida propõe um conjunto de momentos para partilha de perfomances, pesquisas e encontros no São Luiz Teatro Municipal. Neste primeiro momento de apresentação, as proponentes da rede Marta Lança e Rita Natálio conversam sobre o processo de trabalho que decorreu ao longo de 2020, as propostas em apresentação no Alkantara Festival, assim como os materiais de documentação e as perspectivas futuras de ampliação e posicionamentos desta rede.
Apresentam ainda, com o Arqueólogo e Jornalista Samuel Melro, o número especial do Jornal Mapa feito em colaboração com a rede Terra Batida.
O Mapa é um projeto de comunicação mas também um território de resistência em tempos de guerra. Através da informação, debate e discussão, propõe-se a desenvolver a crítica enquanto alimento do pensamento e de práticas de autonomia e liberdade em todos os aspetos da vida. Não está contido na zona de influência de grupos económicos ou partidos políticos de qualquer cor ou sabor. Mapa publica notícias, reportagens, investigações, crónicas, fotos, ilustrações, banda desenhada, com um olhar atento aos problemas ambientais em territórios próximos e mundiais.
Ficha Artística
Cronologia
23 - 24 Novembro 2020, Festival Alkantara e Rede Terra Batida, Sala Mário Viegas, São Luiz Teatro Municipal, Lisboa/Portugal